Die Dualität des Lebens

A dualidade da vida

Sempre ocorrerá ao ser humano a questão do quanto se aproveita a vida: afinal, é mais válido viver pouco e intensamente, ou o contrário é mais benéfico? Os dois lados sempre mostrarão um ponto de vista válido: por um lado, nós temos de aproveitar muito a vida, fazê-la nossa vontade, para assim não nos arrepender daquilo que não fizemos; por outro, viver tranquilamente, com uma vida estável, sem muitos perigos, sempre se preocupando com o futuro, a senectude, e não com o presente, ou melhor, fazendo do presente a ação do futuro, a consequência. Por um lado, há a afirmação máxima da vontade, por outra, há a afirmação máxima da calma. Já li muito disso na internet e até mesmo em alguns livros pós-modernos. Porém, até que ponto a calma deste é apenas deste? Não muito raro, confunde-se calma com circunspeção. A calma deste possui um fim em si próprio, isto é, ele esbanja da calma dessa pós-modernidade em decorrência de si mesmo, de um desejo de futuro. Ora, mas quanta pretensão! Uma ação de futuro presume o próprio desejo de controle deste futuro – um ser que deseja o lugar de Cronos. Por outro lado, aquele que deseja ter a vida como próprio desafio de superação, ou a ser vivido – alguém sabe como viver a vida? pergunta difícil –, põe a calma também em suas ações, mas como? A calma não é apenas ter calma, mas sim ser a calma. O que isso quer dizer? Não podemos simplesmente ter a calma; ela que nos tem, ela que nos entusiasma, não para invocarmos deuses, tal qual Íon faz, mas para nos invocarmos a nós mesmos. Isso pressupõe que nosso exterior não é o que realmente somos, somos máscaras ambulantes: quando nos entusiasmamos, mostramos enfim a nossa face. Essa face não pode ser mostrada em situação diferente senão a do temor. Porém, há aqueles que nascem entusiasmados, aqueles que não precisam do temor para invocar-se a si mesmo. Essa pessoa não poderia ser outra senão a inocente: a própria criança. Essa criança que possui a atambia – algo único e belo, algo infantil por excelência –, a qual é muitas vezes confundida com a ignorância da criança, pouquíssimos são aqueles que tem a audácia de perceber que a infância não foi apenas a fase da inocente ignorância, mas que ela é, por si mesma, a fase última do homem. Todos os homens já tiveram a chance de serem últimos; poucos os que continuaram últimos. Assim, aquele que aproveita a vida ao máximo é muito confundido por aquele que é imprudente ao máximo – onde que um ser destes possui a calma, a leveza própria da criança? Há muita confusão nesses tempos pós-modernos, muita confiança na aparência…Não vos poderia recomendar nada além de nada, nunca poderia dizer algo por vocês: aqueles que devem fazer suas decisões são vocês, isso já faz parte daqueles que vivem a vida ao extremo, ao contrário do outro, que vive a outra vida, a vida do próximo segundo, do próximo piscar. Toda mudança já é um risco de morte; a queda da máscara exige a morte momentânea da identidade: serias tu capaz de matar a ti mesmo? Ora essa, a morte de ti já é um renascer, daí que surgem as máscaras.