Zum Schweigen Bringen

Ingenuamente acreditei nessa fantasia toda. Era-me tão divertido viver e pensar naquilo tudo em que estávamos e que poderíamos continuar sendo. Eu quis. Confesso que é confuso para mim neste momento pensar algo que faça sentido para continuarmos com o que resta de nós. É mais difícil ainda pensar numa razão para que eu tenha deixado tudo isso acontecer. Confesso que não tenho vontade de consertar nada de nada. Não tenho vontade de escutar suas palavras. De sentir o que possas ainda me fazer sentir. Apenas não quero sentir mais nada. Estou farto de não poder ser apenas eu, pura e simplesmente eu. Estou farto de precisar ser algo que não gosto e não sou. Quero apenas a solidão, meus braços em abraços com meu travesseiro e minhas lágrimas a inundá-lo. Sinto-me perdido como sempre, mas desamparado como nunca. Tenho vontade de atirar-me aos mendigos, não por essas companhias tampouco pela sua ou pelas de meus progenitores. Tenho vontade a afundar-me. Não é vontade de vitimizar-me, longe disso. É o cansaço, compreende? Das cenas que se repetem diante dos meu olhos diariamente. Da vida temperada rudemente com sal grosso. Sei que nada farei para mudar, sempre fui covarde. Sei que as palavras que minha mente rabisca diante de minha cansada vista são apenas mais uma das inúmeras tentativas frustadas de salvar-me de mim mesmo, de tentar explicar a mim quem eu sou e como sou. Talvez eu precise apenas de um bom tempo de silêncio sem tentar explicar nada para ninguém e para mim mesmo.